quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Queda na qualidade do sêmen dos brasileiros

Uma pesquisa feita no Brasil mostra que a quantidade e a qualidade dos espermatozoides no sêmen dos homens diminuíram nos últimos anos. A conclusão foi feita por cientistas da clínica de reprodução assistida brasileira Fertility após a análise de 2.300 amostras de sêmen de homens com idade média de 35 anos, com um intervalo de 10 anos. Após avaliarem 743 amostras de 2000 a 2002 e 1536 de 2010 a 2012, foi observada a redução na concentração de espermatozoides por mililitro de 61,7 milhões para 26,7. A quantidade de espermatozoides morfologicamente normais caiu de 4,6% para 2,7%.

Os resultados, que serão apresentados no Congresso Anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), em julho de 2013, mostram também um aumento no quadro de azoospermia, que é a ausência de espermatozoides no sêmen.

Os autores explicam que o fato de o estudo avaliar dados de homens que procuraram a clínica para tratamento de fertilidade aumenta a probabilidade de que eles apresentem uma quantidade menor de espermatozoides. Ainda assim, a análise mais importante é a tendência de queda observada em 10 anos.

No período estudado, a quantidade de homens com ausência de espermatozoides no sêmen aumentou de 4,9% para 8,5%. Além disso, foi encontrado um aumento na quantidade de homens com alteração seminal grave (problemas na concentração, morfologia e mobilidade dos espermatozoides): de 15,7% para 30,3%.

Segundo a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), um homem só pode ser considerado infértil se ele não consegue engravidar sua companheira (desde que ela seja saudável no que se refere à fertilidade) em até 12 meses de tentativa - período em que 90% dos casais conseguem atingir o objetivo. Isso significa que um homem não pode ser considerado infértil com base nos resultados da análise de sêmen, a não ser em casos extremos, como a azoospermia. Por essa razão, apesar das diversas evidências científicas apontando para a redução na quantidade e piora na qualidade dos espermatozoides, ainda não se pode afirmar se isso provocou ou não o aumento da infertilidade.

De acordo com os especialistas, o aumento da procura por tratamentos para infertilidade e reprodução assistida também é uma realidade, mas ainda não é possível avaliar o impacto que a queda na qualidade dos espermatozoides pode ter nesse crescimento. Outros fatores, como as mulheres estarem engravidando cada vez mais tarde e um aumento do poder aquisitivo de classes mais baixas, que tornou esse tipo de tratamento mais acessível do que no passado, podem ter um peso maior nesse aumento do que a queda na qualidade seminal.


Maus hábitos prejudicam a fertilidade masculina
Em 2010, a OMS definiu novos padrões para análise do sêmen. A partir dessa data, a concentração mínima de espermatozoides por mililitro de sêmen para o homem considerado saudável passou de 20 milhões, no manual de 1999 da OMS, para 15. Já a porcentagem mínima necessária de gametas considerados morfologicamente normais passou de 14% para 4%. Abaixo desses índices já é considerado preocupante para a saúde masculina. Veja abaixo o que os especialistas e pesquisas anteriores apontam como agentes que contribuem para a má qualidade dos espermatozoides:

Obesidade

Um estudo recente feito pela Fertility and Sterlity descobriu que os obesos tendem a ter uma contagem de esperma baixa em comparação aos homens mais magros, pois o alto nível de gordura corporal está associado à mudanças no conjunto de proteínas que permite a sobrevivência e função do espermatozoide. E não é só isso. Além de serem em menor quantidade, os que sobram tendem a moverem-se sem rumo, o que dificulta a concepção. "Os testículos ficam dentro de uma bolsa que precisa ter uma temperatura menor que a do corpo, por isso, o saco escrotal fica pendurado. Só que quando o homem tem muito tecido adiposo, as partes do corpo ficam em contato com o saco escrotal e acaba elevando a temperatura da região, prejudicando a qualidade do espermatozoide", explica o urologista Carlos Gobbo, da Unesp.
                   
homem bebendo cerveja - foto: Getty Images

Excesso de bebida alcoólica

Se você estiver pretendendo ter um filho, é bom maneirar na bebida. O especialista Carlos Gobbo explica que o álcool em excesso está associado à diminuição da testosterona e, portanto, diminuição no volume do sêmen. Por isso, quanto mais álcool for ingerido e mais longo for o período de abuso, maior será o comprometimento da fertilidade.

 
tabagismo - foto: getty images

Tabagismo

Tudo que é em excesso é ruim, mas no caso do cigarro, o menor sinal já é responsável por alterações na qualidade do sêmen. Médicos israelitas descobriram que os fumantes apresentam elevadas concentrações de cotinina, uma substância derivada da nicotina e que está presente, inclusive em fumantes passivos. Os homens que possuem uma elevada dose de cotinina apresentam alterações na preparação do esperma e, consequentemente, taxa diminuída de fertilização. Essa pesquisa verificou que, independentemente de a mulher fumar ou não, quando o homem é fumante, a taxa de fertilidade do casal é de apenas 44,9%.

 
maconha - foto: getty images

Drogas ilícitas

O uso de drogas ilícitas também possui um efeito diretamente na fertilidade. "As drogas ilícitas podem levar às alterações da condição espermática. A maconha faz o espermatozoide perder a força para subir até a trompa, o que deixa a fecundação impossibilitada", explica o urologista Carlos Gobbo. De acordo com os especialistas, pesquisas mostram que outras drogas, como o crack e a cocaína, provocam o aumento da produção de substâncias que são tóxicas para os testículos.
anabolizantes - foto: getty images

Anabolizantes

É muito comum ver homens que querem ficar fortões sem pegar firme na malhação fazerem uso de anabolizantes, mas o que poucos sabem é que essas substâncias podem destruir a fertilidade. De acordo com a nutróloga Melona Gouveia Castro, especializada em medicina esportiva, o uso de anabolizantes induz o organismo a diminuir a produção dos hormônios masculinos. "Além do comprometimento da fertilidade, os esteroides provocam um rebuliço no metabolismo a ponto de causar uma pane geral, levando ao surgimento do câncer (no fígado ou nos testículos) ou de infarto. Hipertensão, aumento do colesterol ruim, alterações de humor e o amarelamento da pele, devido à sobrecarga do fígado."

 
poluição - foto: getty images

Poluição

A má qualidade do ar também é capaz de prejudicar a fertilidade dos homens. Segundo um estudo feito pelo Hospital das Clínicas, a poluição é uma das causas modernas mais graves para a infertilidade masculina. Os homens que respiram ar mais poluído apresentam maior concentração de radicais livres no sangue, o que provoca uma baixa na qualidade dos espermas.

 
envelhecimento saudável - foto: getty images

Pense

Ao envelhecer, os homens já apresentam queda na qualidade e quantidade do esperma. "A partir dos 45 anos, os homens começam a procurar mais os médicos porque notam dificuldades de ereção, desânimo, falta de disposição. Muitos desses homens podem estar iniciando uma fase chamada Distúrbio do Envelhecimento Masculino, caracterizada por um declínio das faixas hormonais e da qualidade seminal. Por isso, ao notar os primeiros sintomas, o ideal é procurar um médico", ensina o urologista Carlos Gobbo. Quanto mais saudável são os hábitos, maior a longevidade e maior a qualidade do esperma, como mostra um trabalho publicado no American Journal of Edipemiology. "Fazer exercícios físicos, evitar excessos na alimentação, ter um relacionamento afetivo estável e acabar com os vícios prejudiciais para a saúde, vão ajudar a aumentar sua fertilidade e qualidade de vida", explica o urologista da Unesp.

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